APPs de smartphones como a Yuka podem facilitar a vida dos consumidores, permitindo fotografar um produto e obter em temo real as informações sobre sua composição – com algumas alternativas sustentáveis, se necessário. O que torna estas aplicações interessantes é o facto de proporcionarem mais transparência ao consumidor sobre o que compram, possibilitando chegar a um público com preocupações ambientais, mas não essenciais em relação à composição de um produto: “precisamos de criar outros argumentos ”, diz Dekhili, “especialmente acerca de benefícios individuais, como o facto de determinado produto ecologicamente correto, ser também benéfico para o consumidor, para a sua saúde e para o seu bem-estar. Porque o consumidor compra um produto para si e a questão ambiental e social pode vir em segundo lugar.”
O BNPL (Buy Now Pay Later) é outra solução que ajuda os consumidores a fracionar o pagamento em várias prestações, permitindo optar por produtos que, podem ser um pouco mais caros, mas que são mais amigos do ambiente e duram mais tempo. Para Sihem Dekhili, a noção de preço justo torna-se essencial: “há uma categoria de consumidores que tem fortes restrições em termos de poder de compra. Hoje, todos se preocupam com práticas responsáveis, mas há camadas de produtos ecologicamente corretos que são relativamente caros e não estão ao alcance de todos. É aqui que entra a importância da noção de preço justo – essa noção de justiça de preço. Porque, embora muitos consumidores não sejam necessariamente contra pagar mais, o preço deve ser justificado. Há um problema em torno da transparência dos preços.”
Pode afirmar-se que os valores dos consumidores refletem-se nos seus hábitos de compra: a adoção de produtos locais também amigos do ambiente e que respeitam o bem-estar animal está em ascensão, assim como novas formas de viajar, que também incentivam um melhor consumo. A procura existe, mas as empresas têm também um papel a desempenhar para tornar essas práticas acessíveis. Implementá-las hoje significa ter uma vantagem sobre as futuras leis europeias – e, além disso, mostra que a eco-responsabilidade não é apenas uma questão de obrigação. Para Sihem Dekhili, “as empresas talvez sejam tão importantes quanto os políticos nesse processo, pois podem ter um impacto muito significativo, através das escolhas que fazem”.